domingo, 6 de maio de 2018

O tamanho da taça de vinho estimula o alcoolismo?

Segundo novo estudo, o tamanho atual da taça de vinho é sete vez maior em relação ao que se utilizava no século 18 Só entre 1960 e 1980 o volume das taças quadruplicou: mudança que pode ter incentivado o consumo do álcool. (Istock/Getty Images) Nos últimos 300 anos, as taças de vinho aumentaram sete vezes de tamanho, de uma capacidade média de 66 ml, no início dos anos 1700, para quase meio litro, hoje em dia. Segundo um novo estudo, publicado na edição de Natal do periódico científico The BMJ, só entre 1960 e 1980 o volume das taças quadruplicou – uma mudança que pode ter incentivado um consumo do álcool muito além dos limites saudáveis. O estudo Pesquisadores da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, analisaram as mudanças na capacidade das taças de vinho no Reino Unido desde a era georgiana através de arquivos de museus e catálogos de lojas, inclusive as lojas on-line. Para identificar o volume dos modelos antigos e mais raros, eles mediram manualmente, com água, a capacidade de cada peça. Depois de analisarem mais de 400 taças de vinho, os pesquisadores descobriram que, em 1700, uma taça típica da época poderia conter, em média, 66 mililitros de líquido. Em 2017, no entanto, o volume das taças aumentou em 449 mililitros. No começo dos anos 2000, esse aumento foi de 417 mililitros. Consumo alterado “As taças tornaram-se um receptáculo comum para o vinho por volta dos anos 1700, devido ao desenvolvimento de produtos de vidro de cristal, maiores e mais resistentes, no final do século”, disse Zorana Zupan, uma das pesquisadoras. “Desde 1990, o tamanho das taças aumentou drasticamente. Se isso levou ao aumento do consumo de vinho, não podemos dizer com certeza, mas há 300 anos, uma taça comum tinha cerca de metade da medida atual.” De acordo com o estudo, o álcool é o quinto maior fator de risco para mortalidade em países de alta renda. No Reino Unido, a quantidade de vinho consumida têm aumentado em resposta a fatores econômicos, legais e sociais. Essa tendência também foi atribuída à propaganda e às leis associadas à liberação de bebidas alcoólicas e, consequentemente, de produtos relacionados. Questão cultural Essa mudança, entretanto, pode estar relacionada a questões técnicas, como a própria produção em larga escala do vidro, que se tornou mais barata ao longo dos anos. Segundo a principal autora do estudo, Dame Theresa Marteau, diretora de pesquisas em comportamento da instituição, a razão por trás dessa transformação pode ser mais uma questão cultural associada à acessibilidade e disponibilidade do vidro e às indústrias, que passaram a produzir taças maiores. Além disso, segundo a pesquisadora, taças maiores podem não estar tão relacionadas a capacidade de volume, mas, sim, à liberação do aroma do vinho. Pesquisas anteriores já sugeriram que o tamanho dos copos utilizados pode influenciar no tamanho da dose –assim como, na alimentação, pratos maiores podem estimular a escolha de porções maiores. Nenhum estudo conseguiu provar uma relação de causa e efeito. Trabalhos mostram que a comercialização do vinho também aumentou desde a década de 1990.

sábado, 5 de maio de 2018

Tipos de vinhos para servir com peixes e frutos do mar

Para fazer a harmonização deve-se levar em conta a preparação, molho e tempero O Brasil tem uma enorme costa oceânica, são mais de 8 mil quilômetros que se estendem de norte a sul, em mares de águas quentes e frias, garantindo uma variedade de frutos do mar imensa, em preparações não somente regionais, mas também nas tradições francesa, italiana, japonesa e espanhola. Dessa forma, combinar peixes e crustáceos com vinhos é um desafio divertido, que pode ser vencido se deixarmos de lado as caipirinhas e a cerveja e abraçarmos os belos espumantes, rosés e brancos disponíveis no mercado. BASE E COBERTURA Um dos grandes desafios da harmonização é fazer com que tanto a comida quanto a bebida sejam valorizadas, assim é essencial considerar não apenas o peixe ou crustáceo que será comido, mas principalmente a sua preparação, seu tempero e seu molho, pois muitos frutos do mar têm sabor delicado e sutil e é a preparação que lhes diferencia. É assim que aquela velha premissa de "peixe com vinho branco" é abalada, principalmente por quem realmente quer experimentar a riqueza dos animais do mar acompanhadas dos frutos fermentados da videira. A regra "peixe com vinho branco" é sempre uma boa pedida, mas vinhos rosés também podem combinar A regra "peixe com vinho branco" é sempre uma boa pedida, mas vinhos rosés também podem combinar A sommeliére Eliana Araújo, que trabalha também em Trancoso, na Bahia, dá algumas dicas diretamente da areia da praia: "O frescor dos espumantes é uma boa saída quando aparecem em nossa culinária do norte e nordeste as especiarias, as pimentas, o dendê e o leite de coco", e acrescenta que, nesses pratos, o cozimento reforça os temperos, portanto a acidez dos espumantes pode valorizar essas receitas tão intensas, permitindo ao paladar que fique limpo para a próxima garfada. A paella, assim como o bacalhau, é um prato intenso, que pede vinhos mais encorpados Mas, para a moqueca de peixe, especificamente, uma boa combinação são os vinhos brancos secos, pouco alcoólicos, de países frios, como a Nova Zelândia, o Chile e o Uruguai: "Sauvignon Blanc, Riesling e Chenin Blanc desses países serão bons para enfrentar a untuosidade de todos os ingredientes fortes e intensos como dendê, coentro, coco, pimentão, alho, cebola, nesse grande caldeirão de sabores e aromas", completa Eliana. Nas técnicas de harmonização existem algumas poucas regras de ouro, principalmente quando ingredientes de difícil combinação estão em primeiro plano. Um bom exemplo disso são os peixes delicados preparados com alcaparras ou azeitonas; eles pedem um vinho muito específico, o espanhol fortificado Jerez, o vinho ideal para pratos em que o sal se sobrepõe a tudo. SIMPLICIDADE Poucas coisas na vida são mais agradáveis do que sentar-se na beira do mar, sentir a brisa no corpo e saborear um aperitivo. Para essas coisas simples, como camarões fritos, ostras e pequenos peixes empanados, uma boa combinação são os frescos e aromáticos Sauvignon Blancs e os Chardonnays sem madeira. O Brasil já tem bons representantes da Sauvignon, mas o Chile continua sendo o país com a melhor relação custo x benefício para essa uva. E se não temos nenhum problema para levarmos uma bolsa térmica para a praia, não há motivos para que nela não esteja também uma boa garrafa de vinho branco, daqueles com tampa de rosca para facilitar o consumo. Outra excelente pedida para acompanhar peixes são os vinhos rosés. A sommeliére Eliana indica os da região francesa da Provence, que também fica perto da costa mediterrânea do país, e acompanham bem pratos temperados, mas em preparações mais tradicionais, como a caldeirada, os peixes na brasa e até a popularíssima casquinha de siri (que também faz excelente par com um Chardonnay que tenha passado por barrica). UMA TAÇA DE SOFISTICAÇÃO Talvez a maior dificuldade nas combinações de vinhos e peixes seja o fato de que os brasileiros conhecem pouco os vinhos brancos, assim ficam com a impressão de que todos são leves e de sabor delicado. Um bom espumante Brut certamente combinará com o salmão cru dos sashimis, e vários pratos japoneses Isso não é verdade. Um bom exemplo é o dos molhos brancos (com base de leite e manteiga) que são parceiros íntimos dos vinhos com a uva Chardonnay e, nesse caso, podem acompanhar os crustáceos, como a lagosta, os lagostins e os risotos com camarão. Sua acidez e untuosidade serão perfeitas com esses ingredientes, assim, quanto mais pesado for o prato, escolha Chardonnays mais encorpados, em geral do Velho Mundo e com passagem por madeira. Até mesmo as massas com frutos do mar apreciam a companhia de vinhos refrescantes e com aromas sedutores, como os da uva Gewürztraminer e alguns portugueses como, por exemplo, da uva Arinto. Uma combinação muito tradicional é a das sardinhas na brasa ou em escabeche que devem ser servidas com um Vinho Verde português, fresco e com boa acidez. A quantidade de mineral presente nesse peixe é de muito difícil combinação com praticamente qualquer outro vinho. A sommeliére carioca Deise Novakoswki, no entanto, sugere uma inovação, um italiano Soave Classico, produzido no norte do país. O salmão, que não é pescado por aqui, se popularizou no Brasil através da culinária japonesa e acabou conquistando paladares, fazendo dele presença constante em muitos cardápios. Quando servido cru, em sashimis, pede a combinação de um espumante Brut, que deverá acompanhar bem todos os pratos da culinária japonesa, inclusive os famosos temakis. Mas, se for cozido, assado ou grelhado, o salmão fará bom par com um rosé de boa estrutura, de Portugal ou até mesmo da Espanha, e com um tinto leve do Novo Mundo, como um Pinot Noir e até um Syrah.