segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Empresa japonesa cria vinho para gatos acompanharem os donos....


A empresa japonesa B&H Life criou, o Nyan Nyan Nouveau, um vinho feito especialmente para gatos. Segundo a empresa, a bebida foi criada para que as pessoas não se sintam sozinhas e tenham com quem compartilhar um vinho, mesmo que seja um gato.
A bebida não é alcoólica, ela é feita feito com cabernet (uva usada em vinhos) e nepenta, uma erva que possui um cheiro que atraem os gatos.
Uma garrafa de 200 ml do Nyan Nyan Nouveau custa quase R$ 10. Será que essa moda pega?

sábado, 16 de novembro de 2013

Concurso A Melhor Carta de Vinhos 2013.....

A Revista de Vinhos, em colaboração com a distribuidora PrimeDrinks, promove mais uma edição do Concurso Nacional de Cartas de Vinhos denominado «A Melhor Carta de Vinhos».
Este concurso, que já vai na sua 4º ediçao, pretende escolher e premiar, entre os Restaurantes estabelecidos em Portugal, aqueles que apresentam a melhor carta de vinhos disponível para os seus clientes, dentro das seguintes categorias:
• Melhor Carta de Vinhos (absoluta);
• Melhor Carta de Vinhos Regional;
• Melhor Carta de Vinhos Qualidade / Preço;
• Melhor Carta Vinho a Copo.
As inscrições decorrem até dia 30 de Agosto e os vencedores serão revelados em Novembro, no Encontro com o Vinho e Sabores 2013, que terá lugar no Centro de Congressos de Lisboa, na Junqueira.

Rota das Estrelas encerra edição de 2013.....

O restaurante Largo do Paço, da Casa da Calçada, em Amarante, recebe entre os dias 28, 29 e 30 de Novembro o último encontro da Rota das Estrelas da edição de 2013. A Vitor Matos juntam-se 14 Chefes nacionais e internacionais (9 dos quais com estrelas Michelin) que surpreenderão os comensais com sofisticados menus de degustação, numa experiência que combina sensações e sabores únicos.
Entre 28 e 30 de Novembro, o chefe Vitor Matos convida 14 chefes para 3 dias da mais requintada gastronomia gourmet no restaurante Largo do Paço.
Em 2013 o festival de alta gastronomia itinerante encerra o seu périplo nacional na Casa da Calçada, em Amarante, com três dias dedicados à mais exclusiva gastronomia nacional e internacional, na qual a excelência e frescura dos produtos regionais tomarão o protagonismo, isto depois de ter passado pelo Porto Bay Hotels & Resorts, Altis Hotels, Vila Vita Parc, Vila Joya, Fortaleza do Guincho e pelo The Yeatman.
Neste evento no restaurante Largo do Paço o anfitrião do 7º encontro da Rota das Estrelas 2013, o Chefe Vitor Matos, recebe nos dias 28, 29 e 30 de Novembro os Chefes Jose Antonio Campoviejo (El Corral del Indianu *Michelin), Fernando Agrasar (As Garzas *Michelin), Ricardo Costa (The Yeatman *Michelin), Marcos Moran (Casa Gerardo *Michelin), Serge Gouloumès, (Le Candille * Michelin), Benoît Sinthon, (Il Gallo d"Oro * Michelin), Ludovic Le Forestier (Domaine de la Bretesche * Michelin), Dieter Koschina (Vila Joya ** Michelin), Leonel Pereira (São Gabriel * Michelin), Mitch Stamm (Bakery Chef Johnson & Wales University, USA), Albano Lourenço (Quinta das Lágrimas), Pedro Lemos (Pêro Lemos), e Francisco Gomes (Confeitaria Colonial).
No dia 28, quinta-feira, o menu de degustação será preparado pelos chefes seguindo inspirações da mais típica gastronomia das Astúrias. Sexta-feira, dia 29, é a região portuguesa de Trás-os-Montes e no dia 30, os Açores.
Os interessados em degustar de uma refeição podem desde já fazer a sua reserva através do contacto 255 410 830 ou do e-mail reservas@casadacalcada.com.

Ramos Pinto edita livro......

O lançamento do livro “Adriano Ramos Pinto – Vinhos e Arte” decorreu no passado dia 8 de Novembro e contou com a presença dos autores Graça Nicolau de Almeida e José António Gonçalves Guimarães.
O livro, editado pela Casa Ramos Pinto e que estará disponível para venda ainda este mês nas lojas FNAC, é uma obra que pretende homenagear através do seu espólio o fundador da Casa Ramos Pinto. Tendo fundado a Casa Ramos Pinto em 1880, Adriano Ramos Pinto dedicou toda a sua vida à empresa com uma intensidade invulgar até à sua morte aos 66 anos. São cerca de 400 páginas que envolvem o leitor num mundo onde o Vinho e a Arte caminham lado a lado. Assim foi o jovem que com 21 anos fundou a sua empresa, produziu os seus vinhos e comercializou-os em todo mundo elevando a imagem do Vinho do Porto e da Casa Ramos Pinto a uma notoriedade que perdura desde então.
O livro está à venda nas lojas FNAC.

Que região produz mais em Portugal? ....

Em 2012 a fileira do vinho em Portugal produziu mais de 630 milhões de litros. A maioria é certificada como DOC (ou DOP) ou Regional (ou IG) mas ainda se produz muito vinho sem qualquer denominação de origem. Apenas se sabe que foi feito em Portugal….
(actualizado em 11 de Outubro de 2013)
Dos 630 milhões de litros, pouco mais de 200 milhões são chamados ‘vinhos de mesa’. Estes são ‘verificados’ e analisado pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV); os vinhos DOC e Regional, pelo contrário, passam pela inspecção e certificação das respectivas Comissões Vitivinícolas Regionais (CVR), que avaliam a qualidade do vinho (através da Câmara de Provadores). Por exemplo, para ter o designativo de Reserva, ou Grande Reserva, ou Grande Escolha, um vinho tem que ultrapassar determinada pontuação. De outra forma passa a ser apenas colheita. Mas, se tiver defeitos notórios ou parâmetros fora das normas ou tradições da região, pode ser mesmo chumbado. Vem-nos à memória, por exemplo, um Pinot Noir, muito bom por sinal, que foi chumbado por duas vezes numa Câmara de Provadores, por “falta de cor”. Esta é uma característica da casta mas nada tem a ver com a qualidade intrínseca do vinho… Acabou a ser certificado pelo IVV como Vinho de Mesa, com a fúria do produtor e enólogo. As CVR’s verificam ainda se todos os outros parâmetros de um vinho (embalagem, rótulos, análises químicas, etc) estão correctos e conformes às normas da região e do país. Só então é emitido um selo que os produtores podem colocar na garrafa, atestando da sua qualidade e autenticidade.
Portanto, cerca de dois terços dos vinhos deste país passam pela certificação das CVR’s de cada região. Mas é o IVV que colige os dados e fornece as estatísticas nacionais. Pois bem, segundo os dados do IVV, a região que mais vinho produziu em 2012 foi o Douro, de forma destacada face aos concorrentes. Logo seguido da região de Lisboa e do Alentejo. Para muita gente isto parece estranho; quase toda a gente acha que o Alentejo será a região que mais vinho produz, porque é a região mais representada nas médias e grandes superfícies. E de facto assim é, mas apenas porque é a região que mais vende e a que é mais fácil de vender. Ou seja, ainda é a preferida dos consumidores. Mas não é a que mais produz…. Ainda uma outra nota curiosa: a maior cooperativa do Alentejo, a CARMIM, de Reguengos, produz à volta de 18 milhões de litros por ano, mais de um quinto de toda a produção do Alentejo! Junte-lhe a Adega Cooperativa do Redondo, a de Borba e o Esporão, e rapidamente ultrapassamos mais de metade do valor de todo o Alentejo…
Note ainda que uma parte da produção do Douro vai para Vinho do Porto; e que uma boa parte da produção da região de Lisboa nem sequer chega aos portugueses: dezenas de milhões de litros são vendidos a granel (em contentores) para a exportação, em especial para países da África de língua portuguesa. Não é à toa que Angola é o principal importador de vinho português. Não sabemos ao certo qual é a quantidade de vinho que Angola importa, mas o valor total anual não deverá andar longe dos 200 milhões de litros! (nem todo é português, note-se…)
Note-se ainda a pouca representatividade de algumas regiões, como Trás-os-Montes, Terras de Cister, Madeira, Algarve e Açores. A região de Terras de Cister faz fronteira entre o Douro e o Dão. Aqui se fazem os vinhos DOC Távora-Varosa (principalmente espumantes) e os vinhos Terras de Cister. São regiões de pequenos volumes, note-se. Existem vários produtores de vinho nacionais que produzem, eles próprios, mais do que qualquer uma destas regiões. A CARMIM (Reguengos) ou a Adega Cooperativa de Almeirim, por exemplo, fazem uma dúzia de vezes mais vinho que toda a região do Algarve!
Certificações por região
Dos dados do IVV podemos ainda deduzir que cerca de 68% do vinho português é certificado pelas próprias Comissões Vitivinicolas Regionais, como DOC ou Regional. Esta percentagem, contudo, varia bastante conforme a região: n’os Vinhos Verdes, por exemplo, quase todo o vinho é certificado (99,4%); outras regiões de grande tamanho – como o Tejo, Lisboa ou Trás-os-Montes - têm percentagens bem mais baixas. Note que o preço de uma certificação DOC é geralmente mais cara que a Regional. Todos os outros vinhos têm que passar pelo Instituto da Vinha e do Vinho, que certifica que o vinho está apto para consumo. Esta ‘certificação’ é, de todas, a mais barata por garrafa. Mas o preço médio por litro de um vinho DOC ou Regional é substancialmente mais elevado que o do vinho de mesa. Desde logo porque o consumidor percepciona a certificação pela CVR da região como uma certidão de qualidade. Por exemplo, um mesmo vinho valerá muito mais se for DOC Douro do que o mesmo vinho sem dizer a região.
Cooperativas produzem menos
Finalmente, podemos ainda fazer uma referência às estatísticas sobre a estrutura da produção. Segundo os dados do IVV, a produção de vinho em associação (leia-se cooperativas) tem vindo a diminuir ao longo dos anos, embora de forma suave. Os dados on-line existem apenas desde 2000 e, até 2004, a produção de vinho em associação foi sempre maior que a ‘privada’. Em 2005 a balança virou e a produção em não-associação foi responsável por 51% do vinho nacional. E a tendência continuou, imparável. Nos últimos dois anos, os valores foram de 60% (2011) e 58% (2012). Este fenómeno estará certamente relacionado, por um lado, com o fecho de muitas cooperativas e, por outro, com a fuga de muitos associados para produções próprias ou para outros produtores de vinho.

Encontro de Vinhos em Curitiba....

A melhor maneira de se conhecer vinho aumentando sua experiência sem gastar fortunas, especialmente em nosso Brasil baronil, é degustando e compartilhando emoções. Já dizia Alexis Lichine, “No que se refere a vinho, sempre recomendo que se joguem fora tabelas de safras e manuais investindo num saca-rolha. Vinho se conhece mesmo é bebendo! “. Nesse sentido, este mês de Novembro está repleto de ótimos eventos, vejam só:
Para começar os amantes do vinho em Curitiba já têm programa para Sábado dia 9/11. Tivesse eu por essas bandas e não perderia, pois sou fã desses encontros e admirador dos “promoters” (Beto & Daniel, a famosa dupla dinâmica!) deste evento que cresce ano a ano se espalhando pelo Brasil afora levando novas experiências sensoriais aos enófilos de plantão num clima sempre pra lá de agradável. Serão mais de 30 expositores, com uma participação da Wines of argentina com um grupo grande de produtores, que você pode checar clicando aqui .
Jà quem estiver dia 21/11 pela região de Piracicaba, uma grande degustação de Barolos será promovida pelo amigo Luiz Otavio no Enopira.
Lista dos vinhos:
Batasiolo Barolo 2006 Cantine Povero Barolo 2008 Cascina Ballarin Barolo Tre Ciabòt 2007 Cascina Ballarin Barolo Bussia 2005 Bruno Giacosa Barolo Falletto di Serralunga D’Alba 2005 Serio & Battista Borgogno Barolo Cannubi Riserva 2004 Após a degustação será servido: Brasato all Barolo. Custo R$180,00 e para reservas e mais informações, contate o Luiz Otavio através do telefone: (019 ) 3424-1583- Cel. ( 19 ) 82040406 ou pelo e-mail > luizotaviol@uol.com.br.
Dia 27/11 voltamos para Sampa, mais precisamente na Vino & Sapore (Granja Viana), onde realizarei uma apresentação sobre espumantes falando um pouco sobre suas origens, métodos e estilos terminando com uma degustação às cegas de OITO espumantes TOP, veja abaixo.
A partir das 20 horas, apresentação das principais regiões produtoras, estilos de vinhos, métodos de produção e finalizando com uma degustação ás cegas de espumantes Champenoise top escolhidos a dedo:
Ferrari Perlé Brut – Itália – Da região de Trento, um dos melhores espumantes italianos Vértice Gouveio – Portugal – Ícone da produção de espumantes do Douro e um dos melhores exemplares produzidos em Portugal, é um espumante marcante e surpreendente.
Adolfo Lona Orus Pas Dosé – Brasil – um ícone da produção nacional dos qual se produziram tão somente 628 garrafas! Cave Geisse Terroir Nature – Brasil – Cave Geisse é comprovadamente um dos mais conceituados produtores nacionais aclamado pela critica internacional, em especial por Jancis Robinson. Esse é seu rótulo topo de gama. Champagne Barnaut Gran Reserve Grand Cru – França – somente 5% das 319 comunas produtoras, possuem classificação Grand Cru. A Barnaut só produz espumantes Grand Cru em Bouzy, um degrau acima da maioria! Cava Juve Y Camps Nature Gran Reserva de Família – Espanha – Clássico produtor da região, produz alguns dos melhores Cavas sendo este um dos mais premiados. Junto a Franciacorta na Itália, os maiores rivais mundiais de Champagne. Franciacorta Lo Sparviere – Itália – Junto com as Cavas de Espanha, perfazem o trio de ouro da produção mundial de espumantes. Lo Sparviere Brut Millesimato é um dos 5 rótulos produzido por este pequeno produtor. INTRUSO – um espumante a mais totalmente ás cegas que poderá ser de qualquer origem, no mesmo patamar de qualidade. Será divulgado após a degustação.
Para acompanhar, queijo tipo Brie alemão Bergader Cremosissimo e salmão defumado Marithimus. Ao final, nossos já aclamados cafés do Ateliê do Café da Terra. Custo do investimento a ser pago no ato da reserva, R$95,00 (R$180 o casal) e um convite por participante (não transferível) para o Taste & Buy Espumantes no dia 30, Sábado, das 16 às 20 horas. Reserve já através do mail; comercial@vinoesapore.com.br ou pelo telefone (das 11 às 19 horas) (11) 4612-6343 ou 1433
Dia 30/11 ainda na Vino & Sapore, Taste & Buy Espumantes. Uma oportunidade de você conhecer mais de 15 rótulos de espumantes antes de finalizar suas escolhas para este final de ano.
Das 16 às 20 horas, presentes nas instalações da Vino & Sapore mais de 15 rótulos de espumantes Moscatel, Proseccos, Brut Charmat, Brut Champenoise, Cavas, Rosés, Nature, Extra Brut, toda a gama e estilos de espumantes para você conhecer e efetuar suas compras com mais certeza. Vinhos a partir dos 32 Reais até R$135,00 das mais diversas nacionalidades para degustação. Seu investimento, apenas R$35,00 pagos no ato da reserva com crédito de R$10 na compra de qualquer dos rótulos em degustação, e somente estamos disponibilizando 50 convites! Reserve já através do mail; comercial@vinoesapore.com.br ou pelo telefone (das 11 às 19 horas) (11) 4612-6343 ou 1433
Salute, kanimambo e não deixe para fazer sua reserva próximo às datas pois na maioria dos casos as vagas são limitadas.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Que vinho tomavam os antigos romanos? A Sicília quer saber.....

Arqueólogos da Universidade de Catânia, na Sicília, conduzem um experimento inusitado: produzir vinho milimetricamente igual ao da Roma Antiga. A ideia é conhecer o que os romanos tomavam há 2 mil anos.
O uso de químicos modernos, por exemplo, não será permitido. As vinhas serão plantadas usando antigas ferramentas romanas e amarradas com bengalas e vassouras. A fermentação não será feita em barris, mas, como à moda dos velhos romanos, em grandes potes de terracota enterrados no solo e impermeabilizados com cera de abelha.
A equipe de pesquisadores sicilianos utilizou textos antigos para reproduzir as técnicas da época, entre eles as Geórgicas, de Virgílio, que tratam da vida rural do Império Romano. Há indícios de que essas técnicas de vinicultura tenham sobrevivido até a Sicília do século 17.
A primeira edição do vinho experimental terá 70 litros e deve estar pronta em quatro anos.

Pressão na cabine potencializa álcool....

Muita gente bebe para aplacar o medo de voar, mas vale um alerta. Especialistas divergem quanto ao número de vezes que o ambiente da cabine potencializa os efeitos do álcool, mas concordam que faz mais efeito. A sommelière Debora Alkimin utilizou a estratégia em sua última viagem à Itália. "Tenho pavor de avião. Devo ter tomado praticamente uma garrafa. Mas normalmente recomendo garrafinhas de 187 ou 375 ml, boa dose para uma pessoa." / F.M.

Tinto sofre mais, prefira o branco.....

É preciso levar em conta que a diferença entre classes pesa muito. As econômicas, cada vez piores, reduziram a oferta (quando há) à escolha entre um tinto e um branco. Estes vinhos nem sempre são ruins. O problema é que apenas não há escolha: é um tinto único e um branco único e acabou.
O maior erro, que pode ser evitado, é pedir o tinto. Peça sempre o branco, pois a comida de avião precisa, por razões de conservação, ter alto nível de acidez e bastante tempero. E os tintos ficam horríveis diante da cremosidade e acidez da comida, viram copos de puro tanino, mostram amargor, ficam agressivos. Os brancos sofrem menos diante da comida, são mais simples e não atrapalham tanto, cumprem o papel de matar a sede, com algum frescor e presença.
Vinhos sofrem sim no ambiente rarefeito das cabines de avião. Na verdade, não tanto o líquido, mas nossa percepção dele e a sua fruição. Lá nas alturas, pressurizados, amarrados e estressados, o olfato vai embora e o paladar perde muito de sua capacidade. Os vinhos tampouco estão na condição adequada, copos de plástico (taças de vidro ou cristal só nas classes superiores), temperatura alterada e sacudidelas de decolagens, pousos e turbulências. O problema se resume ao desencontro de vinhos um pouco maltratados e passageiros bebedores bem maltratados.
Na classe executiva a coisa muda bastante, há cartas de vinhos, servidos em garrafa, com alguns grandes rótulos. Vale tomar um Borgonha, um Bordeaux; mas insisto, estará menos expressivo, terá menos aroma. Se puder resumir meu conselho a um só, diria: não beba nada na ida, o álcool se potencializa no oxigênio minguado dos aviões e pode causar enxaqueca. Portanto, só suco e água para não correr o risco de estragar o primeiro dia da viagem. Deixe para beber na volta, pois aí está tudo bem, já viajou, já gastou, terá uma fatura de cartão de crédito te esperando, já terminaram as férias e pode relaxar.

O radical do vinho limpo: Paul Hobbs.....

Os franceses confundem falta de higiene com terroir. Eles sempre disfarçaram a contaminação microbiológica chamando-a de terroir. Mas o consumidor já não quer saber disso. A afirmação polêmica poderia parecer pura provocação de um enólogo americano - não fosse o enólogo americano em questão o célebre Paul Hobbs, um dos grandes da atualidade e defensor declarado dos "vinhos limpos". Esse foi um dos temas da entrevista exclusiva concedida ao Paladar, em recente visita a São Paulo. Hobbs apontou tendências, chamou a atenção para novas regiões vinícolas que merecem destaque e falou sobre os desafios de fazer vinhos numa época de enorme oferta.
- Divulgação Divulgação Ele já foi comparado a Steve Jobs pela revista Forbes. E não se constrange com isso: gosta de ser visto como um criador detalhista. De fato, assim como o célebre fundador da Apple fez no mundo da tecnologia, não é exagero dizer que Paul Hobbs revolucionou o mundo dos vinhos.
Respirando os ares criativos e empreendedores da Califórnia - Estado que escolheu para viver, embora tenha nascido em Nova York -, mostrou que é possível fazer vinho de ótima qualidade sem seguir cegamente o velho modelo europeu.
Filho de um pequeno fazendeiro, começou arrendando vinhedos e vinícolas de outros proprietários. E fez isso por muitos e muitos anos. Foi a campo trabalhar diretamente com os pés de uva, coisa que produtores de vinho faziam apenas ocasionalmente, e é um dos responsáveis pelo boom do vinho californiano.
Foi escolhido personalidade do ano por Robert Parker duas vezes, e seus rótulos já levaram a pontuação máxima do crítico - que, segundo Hobbs, foi mal compreendido pelo mundo do vinho e hoje não tem mais a relevância exagerada que já teve.
Mas talvez seu maior feito tenha sido colocar a Argentina no mapa dos produtores de vinho. Paul Hobbs enxergou o potencial da Malbec lá e luta para que o vinho argentino seja reconhecido como tão importante quanto um bordeaux.
Seu grande desafio pessoal tem sido produzir vinhos em lugares em princípio impossíveis. Começar do zero até extrair um vinho de alta categoria de regiões como a Armênia, país que abriga um de seus mais recentes investimentos.
Sem se amarrar a cânones, mas também sem se deixar levar por modismos, ele aposta na qualidade da uva como tendência. Sim, uma aposta um tanto óbvia, mas que faz sentido quando se ouve os argumentos de Hobbs sobre a forma desleixada com que tradicionais produtores franceses tratam a fruta, "confundindo falta de higiene com terroir". Porque para Hobbs, não há mais volta: também o mundo do vinho vai se importar não só com a qualidade da bebida, mas com o modo como ela foi feita - se é limpa, orgânica, biodinâmica.
Que história é essa de que os franceses confundem falta de higiene com terroir?
Muitos vinhos franceses são feitos em adegas contaminadas e então dizem que isso é terroir. Volte a 1982. Muitos daqueles vinhos de Bordeaux não eram bons... Foram destruídos por brettanomyces. Você não conseguia sentir nada da fruta, só o efeito do fungo que provoca uma doença e deixa o vinho com gosto de estábulo, suor de cavalo... Hoje, produtores estão entendendo que as pessoas querem fruta - a fruta está se tornando determinante, enfim, não o que acontece na vinícola.
O que é um vinho limpo?
Sem contaminação microbiológica. Para mim, a vinícola devia ser como uma grande cozinha - um lugar limpo e organizado. Até hoje você encontra "cozinhas" muito sujas na França. Em Cahors, onde trabalho, é impressionante a falta de higiene. Só que isso não vai mais ser aceitável. Consumidores não querem, querem vinhos limpos e ao mesmo tempo complexos. Esse é o novo grande desafio para o produtor: como fazer um vinho complexo sem que haja contaminação microbiológica.
O que as pessoas querem beber hoje?
Produtos honestos - bem feitos e naturais. Querem beber qualidade. Não só que tenha um bom sabor, mas que tenha sido feito direito. Em termos de estilo, vivemos uma mudança; essa coisa dos vinhos potentes foi longe demais e agora as pessoas não querem mais vinhos pesados. Querem complexidade, corpo, intensidade e também elegância, finesse.
Mais Robinson do que Parker... Mais elegância, menos potência?
Acho que não. As pessoas leram Parker de modo equivocado, ele adora elegância, finesse, mas também concentração e acidez. A indústria cometeu um erro ao tentar satisfazer um gosto que nem era o dele. Só que não vamos voltar a um momento pré-Parker. Porque Parker fez bem aos vinhos - os europeus estavam colhendo as uvas muito cedo, você não podia beber antes de dez anos, os taninos não estavam maduros.
Quais as novas regiões vinícolas para se prestar atenção?
Particularmente, estou interessado em Cahors, na França, uma região que ficou dormindo por muitos anos. Estou também trabalhando na Armênia. É um projeto pequeno do qual sou sócio, 18 hectares, estamos plantando. Vai levar dez anos para se fazer vinho ali.
Você geralmente não compra os vinhedos. Por que comprou na Armênia?
Não tínhamos escolha. Estamos saindo do zero. Quando cheguei à Argentina havia uma indústria. Ruim, mas havia. Na Armênia não há.
Se fosse começar de novo, faria do mesmo jeito, sem comprar vinhedos?
Eu só fiz assim porque não tinha dinheiro... Se pudesse teria comprado. Quando não tinha meu vinhedo era muito difícil. Na Argentina, alugamos uma vinícola. O dono não queria isso, ou aquilo, não concordava com o que eu sugeria... As pessoas não sabiam quem era Paul Hobbs. Hoje é fácil, mas antes não era assim. E também, no início dos 1990, enólogos eram raramente vistos nos vinhedos. Fui um dos primeiros a fazer isso.
Nos últimos 30 anos, o mundo do vinho mudou muito. Para um enólogo, qual foi a mudança mais significativa?
(Pede tempo para pensar.) Acho que é o foco no vinhedo. Na Califórnia, no Novo Mundo, o foco mudou para o vinhedo. Antes era na tecnologia e tinha de ser assim. Mas agora é na qualidade da uva. Nos anos 1980, 1990 só se falava em tecnologia. Mas é a qualidade da matéria-prima que importa.
Ainda há lugar para modas de uvas especificas?
As modas vêm e vão. Agora Moscatel está em baixa. Mas daqui a pouco pode subir. Sempre haverá tendências. Mas não sou um produtor de moda. Gosto dos clássicos.
Qual é o papel dos críticos de vinho hoje?
Não é fascinante como o mundo muda? Hoje é muito mais difuso, antes era fácil: faça Parker feliz e não se preocupe com mais nada... Quem vai liderar isso? Não sei. Acho que escritores locais vão ganhar importância. Blogs? Não têm significância, não presto atenção. Não haverá um novo Parker, o mundo não precisa mais de alguém como ele.
Mas nunca foi tão difícil escolher um vinho, é tanta oferta... Quem pode ajudar o consumidor na escolha?
Acho que não será uma voz única. Aliás esse foi o erro de Parker, ele não era capaz de provar tudo e começou a delegar a outros críticos. Spectator, Decanter, publicações como essas vão continuar. Mas vai ter mais boca a boca. As pessoas viajam, provam coisas diferentes, formam suas opiniões. Estamos num momento de transição, não sei de onde as pessoas vão tirar informação
Quem são os novos enólogos que merecem atenção?
Sou relutante em apontar nomes, mas posso mencionar Bibiana Gonzáles, que trabalha com Pahlmeyer, na Califórnia. Mas há uma geração boa vindo por aí. A diferença é que eles não querem só trabalhar o tempo todo.
E os desafios para o futuro?
Acho que o trabalho é um ponto crucial. A produção de vinhos é um ramo muito intensivo em trabalho, e me pergunto de onde virá a mão de obra nos próximos anos. A tecnologia ainda está longe de ter o mesmo resultado de, por exemplo, uma colheita manual. Daqui a 50 anos, talvez restem apenas alguns pequenos produtores que façam tudo à mão, como eu faço.

Endereços de histórias (e tours) assustadores....

Enredos e personagens arrepiantes desafiam a lógica e instigam a curiosidade de turistas mundo afora. Confira aqui cinco passeios espantosos
Pode soar estranho, mas o medo é uma sensação que tem o seu quê de atraente. Tanto que o sobrenatural, o desconhecido e o inexplicável são temas recorrentes no cinema e na literatura. Ilha das Bonecas, no México: dizem que elas se viram na direção dos visitantes... - Divulgação Divulgação
Ilha das Bonecas, no México: dizem que elas se viram na direção dos visitantes... E também no turismo. Histórias e lendas de horror têm o estranho poder de atrair visitantes para os locais onde supostamente ocorreram. Na época do Halloween – o popular Dia das Bruxas dos Estados Unidos – hordas de visitantes seguem para tais endereços. A lotação é garantida. Visitas emocionantes, também.
Lá mesmo nos Estados Unidos, a cidade de Salem, nos arredores de Boston, fica praticamente inacessível na data do Halloween, 31 de outubro – a tal ponto que as estradas de acesso já chegaram a ser fechadas por horas. O Museu das Bruxas de Salem (salemwitchmuseum.com; entrada a US$ 9,50 ou R$ 20) narra a história de obscurantismo e matança que rolou por lá. Veja outros lugares pelo mundo dos quais você vai querer voltar vivo para contar a história.
BONECAS MACABRAS
Medo na ilhota mexicana
Ao sul da Cidade do México, nos canais de Xochimilco, um estranho cenário atrai diariamente a atenção de centenas de pessoas: bonecas penduradas em árvores de uma pequena ilha. O aspecto mutilado dos brinquedos reforça o ar macabro. Especialmente à noite, a vista é perturbadora. São comuns os relatos de que elas costumam se virar na direção dos visitantes que se aproximam. Segundo a lenda, uma menina morreu afogada ali há mais de 50 anos. O zelador Julián Santana Barrera, único morador do local, encontrou, pouco tempo depois, uma boneca flutuando. Decidiu pendurá-la em uma árvore como símbolo do espírito da criança.
Habitantes da região chegaram a trocar bonecas por alimentos cultivados por Barrera. Dizem que o zelador foi encontrado morto no mesmo lugar em que a garota se afogou. A viagem de barco dura de duas a três horas. Custa US$ 20 (R$ 43): isladelasmunecas.com.
DOMÍNIOS DO CONDE DRÁCULA
Castelo medieval na Transilvânia
Não foi à toa que o Castelo de Bran (bran-castle.com) ganhou a alcunha de Castelo do Drácula. A construção mais famosa das histórias de horror, imortalizada pelo conto de Bram Stoker, é um dos marcos históricos da Romênia. Ali se conserva o lar de uma sanguinária figura histórica: o príncipe da Valáquia Vlad Tepes, também conhecido como “o empalador”. Atualmente, os largos espaços da edificação abrigam um museu de armas medievais e um restaurante, o Club Count Dracula. É a oportunidade perfeita para refazer os passos de Jonathan Harker e conhecer o conde de perto. O enredo do livro é narrado durante a visita, além de informações sobre como surgiram os contos de vampiros. Prepare-se para relembrar o memorável trecho da obra que descreve o local do castelo, no centro histórico de Sighisoara, na Transilvânia, como “um dos lugares mais selvagens e menos conhecidos da Europa”. Todos os detalhes do castelo remetem ao tempo em que foi construído, no século 14, seja pela imensa porta de carvalho, as inscrições em letras góticas, ou mesmo os túneis secretos. Peças da época estão expostas no museu (brancastlemuseum.ro), além de uma árvore genealógica da família de Vlad. As entradas custam 6 euros (R$ 18). Para fotografar ou filmar, é cobrada uma taxa adicional de 20 euros (R$ 60).
MISTÉRIO EM NIAGARA
No subterrâneo, o Túnel do Grito
A visita às Cataratas do Niagara, no Canadá, pode parecer apenas um passeio lindo de cair o queixo, com um ou outro toque radical nas trilhas e tours de barco. Mas é nas imediações que o mistério se encontra. Em um túnel construído no subsolo de linhas férreas abandonadas repousam lendas que deram ao local o nome de Túnel do Grito. O cenário fez parte do filme A Hora da Zona Morta (The Dead Zone, 1983), adaptação da obra homônima de Stephen King. Há diferentes versões. Uma delas diz que ali habita o fantasma de uma jovem que morreu com as roupas em brasa. Dizem que quem acender um palito de fósforo entre as paredes do Túnel do Grito será capaz de sentir a presença da menina. Pior: ouvirá seus lamentos. A empresa Canada Turismo oferece um pacote que inclui também visitas a Montreal, Quebec, Tremblant, Ottawa e Toronto, por um período de 10 dias, a partir de US$ 2 mil.
ESTRANHOS BARULHOS
Durma se puder
Não se espante se, ao repousar num dos quartos do Ballygally Castle, no condado de Antrim, na Irlanda do Norte, você for abordado pelo fantasma de Madame Nixon. A mulher viveu por lá no século 19 e costuma caminhar pelo hotel usando um longo vestido de seda. Se ouvir batidas assustadoras à sua porta, pode ser o espírito de Lady Isabel Shaw, mulher de James Shaw, responsável pela construção do castelo no século 17. Conta-se que ele a trancou em um quarto abandonado. Em poucos dias, ela morreu de inanição e o quarto ficou conhecido como “The Ghost Room”. Outra versão diz que Isabel foi envenenada pelo marido por não conseguir gerar um filho homem. No hotel há uma placa que atenta para a presença do fantasma de Isabel, mas o retrata como um “espírito de amizade”. Mesmo o mais cético que pise em suas dependências, como a senhora Olga Harry, ex-proprietária, assume que há algo estranho por ali. Ela relata casos de visitantes que ouviram ruídos de crianças em vários quartos. O cenário macabro, fruto de dezenas de lendas irlandesas, forma o pano de fundo de um dos castelos mais antigos e conhecidos da Irlanda do Norte. Fica a 40 minutos do centro de Belfast. A diária custa a partir de R$ 340 em quarto individual.
CORREDORES DA TENSÃO
Nas locações de 'O Iluminado'
Dois hotéis têm suas histórias cruzadas com o sucesso cinematográfico de Stanley Kubrick, O Iluminado. O Hotel Stanley, na cidade de Estes Park, no Colorado, trouxe inspiração ao filme. Sua estrutura, criada há um século, soma mais de 2.230 metros quadrados e chama a atenção por si. Não bastasse o histórico de visitas ilustres, como a do político Theodore Roosevelt, o lugar conquistou fama quando estranhos acontecimentos se sucederam por ali.
Conta-se que os sons de crianças se divertindo em corredores onde não havia ninguém e as portas fechando e abrindo sozinhas eram situações constantes ali. Mesmo o site oficial do hotel (stanleyhotel.com; diárias desde US$ 159 ou R$ 350) narra episódios misteriosos, como as aparições do fantasma da governanta Elizabeth Wilson, que morreu em uma explosão de gás no local.
Há boatos de que o escritor Stephen King, responsável pela obra literária que deu origem ao filme de Kubrick, encontrou a inspiração para o livro após um pesadelo com seu filho sendo perseguido nos corredores daquele imenso casarão. Ele estaria no quarto 217, que se tornou o mais requisitado do Hotel Stanley. Até hoje são realizados tours fantasmas pelo local.
Já o hotel Timberline Lodge fica em uma estação de esqui em Hood River, no Oregon, e foi usado nas filmagens externas do filme, fachada que deu vida ao Overlook Hotel da trama. O lugar não conta com roteiros relacionados ao livro, mas compensa por sua história, além de oferecer aconchegantes chalés. As diárias podem chegar a US$ 300 (R$ 658), em quarto duplo. Mais: timberlinelodge.com.

Degustando Napa Valley a baixo custo....

Assim como um robusto vinho zinfandel degustado com delicadas ostras, Napa Valley e viagens econômicas não são exatamente uma combinação óbvia. Ou, pelo menos, assim eu pensava. Apesar da reputação de Napa de destino caro para os amantes do vinho, durante dois dias no pico da colheita da safra consegui visitar sete vinícolas, provar cerca de 30 vinhos e aprender mais sobre a bebida do que jamais imaginara. Tudo isso sem morrer de fome e sem ter de vender minha casa.
A chave para o sucesso de uma visita de baixo orçamento a Napa está em escolher as adegas com cuidado. Elimine várias apenas pelo preço: muitas degustações chegam a US$ 50 ou mais por pessoa. Tente manter-se naquelas entre US$ 10 e US$ 15, das quais algumas oferecem ofertas "pague um, leve dois".
Baixe o aplicativo localizador de vinícolas em napatouristguide.com/napa-on-a-budget. Ou pegue cupons de desconto no Napa Valley Welcome Center (visitnapavalley.com/welcome_centers.htm). Só não seja demasiado mesquinho. A degustação na Tres Sabores (tressabores.com) foi a mais cara que eu fiz: US$ 25 por pessoa. Uma pechincha, dado o nível do que provei.
Meu próximo conselho: seja flexível, especialmente ao receber uma dica de alguém. Na primeira noite jantei no bar Il Posto Trattoria (ilpostonapa.com), um elegante prato de espaguete com almôndegas de porco e molho de tomate (US$ 12). O barman, Miguel, sugeriu que que eu subisse as colinas para conhecer as pequenas vinícolas de Pride Mountain. Foi ótimo. Nada disso quer dizer que você deva pular as vinícolas maiores - basta escolher bem.

NAPA VALLEY ...

Com um pouco de informação e persistência você verá que dá para conciliar ótimos vinhos e refeições com preços razoáveis em Napa. Eu mesmo vivi essa experiência no restaurante dirigido por Thomas Keller, talvez o chef mais famoso da América. Não foi, infelizmente, no French Laundry, onde o menu degustação com duas modestas taças de vinho custaria US$ 325. Na verdade, esse foi o custo total com degustações, refeições e alojamento durante meus dois dias pelas vinhas da Califórnia.
A minha sorte virou ao encontrar o Ad Hoc Addendum (adhocrestaurant.com), pequena cabana – também comandada por Keller – atrás do seu festejado restaurante Ad Hoc, e que serve lanches por US$ 16,50 de quinta-feira a sábado. Almocei o suculento frango frito, que veio com pão de milho, salada de batata e repolho. O jantar foi bem mais barato: tacos de bochecha de boi por US$ 1,50 no Tacos Chávez, que funciona há décadas num caminhão, na Coombs Street, 75.
Outra memorável surpresa aconteceu durante uma visita à adega Tres Sabores (tressabores.com), onde nos perguntaram se queríamos nos lançar em algum trabalho. Acabamos participando da maceração das uvas.
Mesmo que você não saiba nada sobre vinho – e eu sei pouco –, pode aprender muito pela simples escolha de vinícolas de pequeno porte. Recomendo a compacta Nichelini Winery (nicheliniwinery.com). Com um cupom, a degustação sai por US$ 15 para duas pessoas.
Na Pride (pridewines.com; US$ 15), a guia Nikki Lamberti começou por um viognier 2012 com notas de madressilva e frutas tropicais. Ela nos levou para ver um trabalhador enfiar cachos cabernet sauvignon numa máquina que tritura e tira os caroços. Depois, a um labirinto de cavernas, onde nos fez provar um merlot 2012. Achei muito tânico, incomum para merlot – resultado de cultivar uvas em altas altitudes. Pelo jeito eu já estava entendendo um pouco do riscado.

Viña Falernia 2009 Vinho de quinta-feira:

Para ficar no tema das uvas fora do lugar, um Pedro Ximénez (que no Chile se chama Pedro Jiménez) vinificado como branco seco, e não como os escuros e viscosos (e dulcérrimos) vinhos da mesma uva em Jerez na Espanha. A uva é bastante comum no Chile para a feitura de pisco. O Viña Falernia Pedro Jiménez 2009 (R$ 52, Premium Wines, tel. 2574-8303) – já indiquei anteriormente o Pinot da mesma vinícola – custa pouco e oferece muito, é austero e versátil à mesa, combinando até com carnes brancas.

Molinos de Rodríguez

Caçador. Telmo Rodríguez procura velhos vinhedos e recupera estilos e uvas perdidos.
Acho que estou sob influência do livro Wine Grapes, com suas 1.368 castas. A coluna de hoje seria a primeira de uma série sobre uvas, eu ia escrever sobre a Moscatel vinificada como vinho seco. Provei dois da Andaluzia, o Botani, de Jorge Ordoñez, e uma versão seca dos Molino Real, de Telmo Rodríguez; ambos de Málaga. Mas gostei tanto do Mountain Blanco que resolvi falar dos vinhos do Telmo. As uvas brancas da Andaluzia, como Palomino Fino, Pedro Ximénez e a Moscatel de Málaga (que é a mesma Moscatel de Alexandria, espalhada pelo mundo), são mais usadas nos vinhos de Jerez, fortificados. Alguns enólogos atrevidos resolveram testá-la em vinhos de mesa. Nos últimos anos venho provando curiosidades, como o Ovni da Equipo Navazos, que já foi coluna, um Pedro Ximenez branco seco. E o ótimo Navazos-Niepoort, um branco seco de Palomino Fino, nascido de um desafio feito por Jancis Robinson a Dirk Niepoort e Jesus Barquín. A Moscatel na região sempre foi usada para vinhos licorosos, quase gosmentos, com traços oxidativos intensos.
Moscatel é uma uva peculiar que merece um enólogo fora do convencional. Uva falsa simples, confundida com banal, é a vinífera limítrofe, com características perigosamente próximas das uvas de mesa, da família Vitis labrusca. Tem um traço de suco de uva, que os ingleses chamam pela bela palavra “grapey”, algo que traduziria como uvoso. Resulta em vinhos muito aromáticos e para os quais cabe o elogio, caso dos que são feitos em Setúbal.
Sempre acreditei que o musca do seu nome vinha de mosca, já que os romanos a chamavam de Vitis apiane por conta da atração que exercia sobre as abelhas e insetos em geral. Coisas de Plínio, o Velho, o verdadeiro homem que comeu (e bebeu) de tudo lá pelo primeiro século d.C. Nada disso. O musca vem de musc, de almíscar, pelos aromas meio de bicho que desprende. Na perfumaria é descrito como cheiro animálico e aparece, perguntei ao especialista, em inúmeros perfumes. Mas quem quiser senti-lo bem nítido, basta cheirar o Muscs Kublai Khan de Serge Lutens ou o Narciso Rodriguez for Her.
Telmo Rodríguez, até a última vez que o vi, ainda não tinha sede própria, apesar de fazer vinhos na Espanha inteira e fora dela (tem parceria com Niepoort, os Omlets). Viaja pela península, recupera estilos e uvas esquecidos. Foi assim com os três Molinos. Os vinhedos de Moscatel de até 80 anos de idade (o Molino Real) e esse estilo mais frutado, com bebibilidade e deixando a uva se expressar. Pois para poucos vinhos é um elogio dizer: é como morder um bago de uva gelado. Porque o que menos se deseja na bebida é gosto de suco de uva, o que separa o garrafão (feito de Labrusca) e o fino (feito de Vitis vinifera).
O branco de mesa completou a trilogia. O Molino mais intenso, doce e concentrado de uvas velhas, o M. R. intermediário, doce, mas menos concentrado, e agora o Mountain Blanco, encorpado e seco, fazendo lembrar os solenes Marsannes e Rousannes do Rhône sul, com acidez vivaz. Bom com coisas díspares quanto queijo curado e terrine de foie.

sábado, 2 de novembro de 2013

'Spa do vinho' tem tratamento com bebida e sementes de uva na França

Hotel de luxo fica ao lado de vinícola premiada no sul do país. Massagens e terapias são à base de uva e vinho.
Mulher passa sementes de uva em tratamento no spa do vinho Caudalie, na França (Foto: Jean Pierre Muller/AFP)
Hóspedes de um hotel de luxo próximo a uma vinícola no sul da França podem provar as uvas plantadas na região não só tomando vinho, mas sentindo-as na própria pele. O "Les sources de Caudalie", na cidade de Martillac, tem um spa temático em que todos os produtos são à base da fruta. Eles são desenvolvidos pelo laboratório Caudalie, que afirma utilizar pesquisas da Universidade de Bordeaux para criar os cosméticos.
Empresa japonesa cria vinho para gatos acompanharem os donos
A empresa japonesa B&H Life criou, o Nyan Nyan Nouveau, um vinho feito especialmente para gatos. Segundo a empresa, a bebida foi criada para que as pessoas não se sintam sozinhas e tenham com quem compartilhar um vinho, mesmo que seja um gato. A bebida não é alcoólica, ela é feita feito com cabernet (uva usada em vinhos) e nepenta, uma erva que possui um cheiro que atraem os gatos. Uma garrafa de 200 ml do Nyan Nyan Nouveau custa quase R$ 10. Será que essa moda pega?