sábado, 16 de novembro de 2013

Que região produz mais em Portugal? ....

Em 2012 a fileira do vinho em Portugal produziu mais de 630 milhões de litros. A maioria é certificada como DOC (ou DOP) ou Regional (ou IG) mas ainda se produz muito vinho sem qualquer denominação de origem. Apenas se sabe que foi feito em Portugal….
(actualizado em 11 de Outubro de 2013)
Dos 630 milhões de litros, pouco mais de 200 milhões são chamados ‘vinhos de mesa’. Estes são ‘verificados’ e analisado pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV); os vinhos DOC e Regional, pelo contrário, passam pela inspecção e certificação das respectivas Comissões Vitivinícolas Regionais (CVR), que avaliam a qualidade do vinho (através da Câmara de Provadores). Por exemplo, para ter o designativo de Reserva, ou Grande Reserva, ou Grande Escolha, um vinho tem que ultrapassar determinada pontuação. De outra forma passa a ser apenas colheita. Mas, se tiver defeitos notórios ou parâmetros fora das normas ou tradições da região, pode ser mesmo chumbado. Vem-nos à memória, por exemplo, um Pinot Noir, muito bom por sinal, que foi chumbado por duas vezes numa Câmara de Provadores, por “falta de cor”. Esta é uma característica da casta mas nada tem a ver com a qualidade intrínseca do vinho… Acabou a ser certificado pelo IVV como Vinho de Mesa, com a fúria do produtor e enólogo. As CVR’s verificam ainda se todos os outros parâmetros de um vinho (embalagem, rótulos, análises químicas, etc) estão correctos e conformes às normas da região e do país. Só então é emitido um selo que os produtores podem colocar na garrafa, atestando da sua qualidade e autenticidade.
Portanto, cerca de dois terços dos vinhos deste país passam pela certificação das CVR’s de cada região. Mas é o IVV que colige os dados e fornece as estatísticas nacionais. Pois bem, segundo os dados do IVV, a região que mais vinho produziu em 2012 foi o Douro, de forma destacada face aos concorrentes. Logo seguido da região de Lisboa e do Alentejo. Para muita gente isto parece estranho; quase toda a gente acha que o Alentejo será a região que mais vinho produz, porque é a região mais representada nas médias e grandes superfícies. E de facto assim é, mas apenas porque é a região que mais vende e a que é mais fácil de vender. Ou seja, ainda é a preferida dos consumidores. Mas não é a que mais produz…. Ainda uma outra nota curiosa: a maior cooperativa do Alentejo, a CARMIM, de Reguengos, produz à volta de 18 milhões de litros por ano, mais de um quinto de toda a produção do Alentejo! Junte-lhe a Adega Cooperativa do Redondo, a de Borba e o Esporão, e rapidamente ultrapassamos mais de metade do valor de todo o Alentejo…
Note ainda que uma parte da produção do Douro vai para Vinho do Porto; e que uma boa parte da produção da região de Lisboa nem sequer chega aos portugueses: dezenas de milhões de litros são vendidos a granel (em contentores) para a exportação, em especial para países da África de língua portuguesa. Não é à toa que Angola é o principal importador de vinho português. Não sabemos ao certo qual é a quantidade de vinho que Angola importa, mas o valor total anual não deverá andar longe dos 200 milhões de litros! (nem todo é português, note-se…)
Note-se ainda a pouca representatividade de algumas regiões, como Trás-os-Montes, Terras de Cister, Madeira, Algarve e Açores. A região de Terras de Cister faz fronteira entre o Douro e o Dão. Aqui se fazem os vinhos DOC Távora-Varosa (principalmente espumantes) e os vinhos Terras de Cister. São regiões de pequenos volumes, note-se. Existem vários produtores de vinho nacionais que produzem, eles próprios, mais do que qualquer uma destas regiões. A CARMIM (Reguengos) ou a Adega Cooperativa de Almeirim, por exemplo, fazem uma dúzia de vezes mais vinho que toda a região do Algarve!
Certificações por região
Dos dados do IVV podemos ainda deduzir que cerca de 68% do vinho português é certificado pelas próprias Comissões Vitivinicolas Regionais, como DOC ou Regional. Esta percentagem, contudo, varia bastante conforme a região: n’os Vinhos Verdes, por exemplo, quase todo o vinho é certificado (99,4%); outras regiões de grande tamanho – como o Tejo, Lisboa ou Trás-os-Montes - têm percentagens bem mais baixas. Note que o preço de uma certificação DOC é geralmente mais cara que a Regional. Todos os outros vinhos têm que passar pelo Instituto da Vinha e do Vinho, que certifica que o vinho está apto para consumo. Esta ‘certificação’ é, de todas, a mais barata por garrafa. Mas o preço médio por litro de um vinho DOC ou Regional é substancialmente mais elevado que o do vinho de mesa. Desde logo porque o consumidor percepciona a certificação pela CVR da região como uma certidão de qualidade. Por exemplo, um mesmo vinho valerá muito mais se for DOC Douro do que o mesmo vinho sem dizer a região.
Cooperativas produzem menos
Finalmente, podemos ainda fazer uma referência às estatísticas sobre a estrutura da produção. Segundo os dados do IVV, a produção de vinho em associação (leia-se cooperativas) tem vindo a diminuir ao longo dos anos, embora de forma suave. Os dados on-line existem apenas desde 2000 e, até 2004, a produção de vinho em associação foi sempre maior que a ‘privada’. Em 2005 a balança virou e a produção em não-associação foi responsável por 51% do vinho nacional. E a tendência continuou, imparável. Nos últimos dois anos, os valores foram de 60% (2011) e 58% (2012). Este fenómeno estará certamente relacionado, por um lado, com o fecho de muitas cooperativas e, por outro, com a fuga de muitos associados para produções próprias ou para outros produtores de vinho.

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