domingo, 12 de novembro de 2017

Primitivo é a uva da vez e faz um vinho fácil de beber, macio e encorpado.....

Rótulos a base da casta na Itália têm invadido o mercado brasileiro. A maioria vem da Puglia e tem bom preço
Nem da Califórnia, nem da Puglia, vem da Croácia a nova namoradinha do Brasil, a Primitivo. Essa cepa de clima quente, que faz um vinho encorpado e de taninos redondos e sedosos nasceu Tribidrag. Na Puglia, o primeiro registro de que se tem conta é de 1799, quando foi descrita como primativus – que significa “a primeira a amadurecer”, uma de suas características mais marcantes.
Por aqui, veio pegar o trono que até bem recentemente foi da Malbec, um dos maiores cases de recall na hora em que o sommelier se materializa ao lado da mesa e que invariavelmente dá aquele branco sobre o que pedir. Diferentemente da casta francesa, no entanto, é mais vinho de consumidor – que pede e repete – do que de connoisseur – que tem certa má vontade com a variedade e torce o nariz para ela. (O que é explicável, de certa forma, porque com a fama da cepa chega de tudo no Brasil, dos achados aos que queremos que se percam).
Puglia. Não é o berço, mas é onde a Primitivo fez fama e deitou na cama Foto: World Wine
O fascínio do brasileiro é explicado por um conjunto de predicados: faz um vinho fácil de beber e democrático, encorpada e com poucas arestas; e, acima de tudo, tem bom preço, mostrando-se uma alternativa europeia a chilenos baratinhos.
Para o mercado, o resultado desse “bem-querer” é a corrida de importadoras por novos rótulos. Em um mês, o Paladar reuniu uma dezena de amostras de lançamentos com a cepa. O importador que não tem um varietal de Primitivo está em busca de seu primeiro, e quem já tem quer mais.
“Era uma uva pouco explorada no Brasil, um País que gosta muito de varietais, mas que se restringe um pouco às castas francesas. O vinho encanta por ser encorpado, mas muito equilibrado, com taninos suaves. Agrada facilmente a muitos tipos de paladar”, diz André Chicau, da Adega Alentejana, especializada em vinhos portugueses, mas que expandiu seu portfólio de países com a inclusão de italianos da Colle Petrito, produtora do sul da Itália.
Celso La Pastina, que comanda La Pastina e World Wine, talvez seja o maior importador da cepa no Brasil, com 15 rótulos. A simpatia por ela é explicada pela origem da família, que veio da Puglia, lugar que define como “horta da Itália”. Escolheu um varietal mais trabalhado, o Dal 1947 Primitivo de Manduria DOP (R$ 240) para ser o vinho de aniversário da La Pastina e tem três outros em sua linha própria da World Wine, a Terra Rossa, feita em parceria com a vinícola italiana Vinosia.
“A Primitivo caiu no gosto, tem o DNA do brasileiro. E uma das paixões locais é o churrasco. Se preparado só no sal, fica muito bom com a Primitivo”, defende. Ele destaca ainda o preço. “Seus vinhos top custam R$ 240, enquanto os de outras regiões vão a R$ 800.”

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