Vinho e uma arte ele tem que ser respeitado como se respeita a uma mulher tem que ser valorizado como se valoriza uma mulher tem que ser guardado no lugar certo como se guarda uma mulher tem que ser bebido como se beija uma mulher e se você fizer tudo isso e um pouco mais você vai perceber o enorme prazer de ter tido paciência e respeito por esse que e uma experiência única, pois vinhos são como as mulheres se bem tratados se mostram com enorme formosura e elegância.
domingo, 14 de junho de 2015
Cai o consumo de vinhos na França e preocupação entre produtores aumenta......
A queda no consumo de vinho na França nas últimas décadas vem gerando preocupação entre analistas e enófilos do país, que temem que a mudança seja um sinal da perda de valores considerados essenciais da identidade francesa.
Segundo dados do FranceAgriMer, um órgão de supervisão das políticas do Ministério da Agricultura e Pesca da França, em 1980 mais da metade dos adultos (51%) consumiam vinho diariamente ou quase todos os dias.
Atualmente este número caiu para 17%, e a proporção de franceses que nunca bebem vinho dobrou e chegou aos 38%.
Em 1965 a quantidade de vinho consumida per capita era de 160 litros por ano. Em 2010, a quantidade caiu para 57 litros e deve cair para não mais do que 30 litros nos próximos anos.
Em jantares na França, o vinho é a terceira bebida mais popular, depois da água de torneira e a água mineral. Por outro lado, refrigerantes e sucos de frutas estariam subindo rapidamente nas preferências.
Gerações
Segundo um estudo recente da publicação especializada International Journal of Entrepreneurship, as mudanças dos hábitos dos franceses podem ser percebidas claramente por meio das atitudes de várias gerações.
As pessoas com idades entre 60 e 70 anos cresceram com o vinho na mesa em todas as refeições. Para eles, o vinho continua uma parte importante de seu patrimônio cultural.
A geração seguinte, agora entre 40 e 50 anos de idade, acredita que vinho é algo que deve ser consumido ocasionalmente. Eles compensam o declínio no consumo, gastando mais com vinhos, pois, apesar de beberem menos, preferem um vinho de mais qualidade.
Membros da terceira geração, a geração da internet, nem mesmo se interessam por vinho antes dos vinte e poucos anos. Para eles, vinho é um produto como qualquer outro, e eles precisam ser convencidos de que a bebida merece o investimento.
Os autores do estudo, Thierry Lorey e Pascal Poutet, afirmam que o que está acontecendo é uma "erosão da identidade do vinho e de suas representações sagradas e imaginárias".
A queda no consumo também ocorreu em outros países como a Itália e Espanha, outros produtores tradicionais de vinho. Mas, não prejudicou as perspectivas da França em termos de exportação do produto.
Declínio da civilização?
Mas o que preocupa analistas na França são os efeitos da queda do consumo do vinho na vida do país, na civilização francesa.
Eles temem que os valores franceses de convivência, tradição e apreciação das boas coisas da vida sejam esquecidos.
"O vinho não é um produto-troféu, que usamos para comemorar grandes ocasiões ou para exibir nosso status social. É uma bebida que deve acompanhar a refeição e ser um complemento do que quer que esteja em nosso prato", afirmou o escritor especializado em gastronomia Perico Legasse.
"O que aconteceu é que (o vinho) passou de popular a elitista. É totalmente ridículo. Deveria ser perfeitamente possível beber moderadamente vinho de qualidade diariamente."
Para Legasse, parte do problema é a mudança na abordagem do país à alimentação e gastronomia como um todo.
"Durante muitos anos as pessoas vêm abandonando o que em nossa sociologia francesa chamamos de repas, ou refeição, (palavra) que significa reunião, convivência em volta de uma mesa, e não a versão individualizada e acelerada que vemos hoje em dia", afirmou.
"A refeição em família tradicional está desaparecendo. Em vez disso, temos um forma puramente técnica de nutrição, cujo objetivo é garantir que tenhamos combustível da forma mais eficaz e rápida possível."
Não se pode afirmar que os franceses sempre consumiram as grandes quantidades de vinho que consumiam há, por exemplo, 50 anos.
Na Idade Média, o vinho era uma bebida comum, pelo menos nas regiões produtoras, mas era uma mistura fraca e, ao contrário da água, era seguro para beber.
A revolução de 1789 acabou com a imagem aristocrática que o vinho tinha na época, e as mudanças econômicas do século 19 ajudaram a popularizar a bebida.
Denis Saverot, editor da publicação especializada La Revue des Vins de France, afirmou que a ascensão do vinho refletiu a ascensão da classe trabalhadora, e a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) consolidou a posição da bebida, fazendo com que normandos e bretões aprendessem a beber "nas trincheiras".
"Depois disso, na França, generalizamos o consumo de vinho barato, então, na década de 1950, havia estabelecimentos para beber, cafés e bares em todos os lugares. Vilarejos minúsculos tinham cinco ou seis. Mas este foi o ponto alto. O declínio do consumo volta (nos anos seguintes) até a década de 1960."
Todos concordam com os principais fatores que causaram este declínio: menos pessoas trabalham ao ar livre, então menos pessoas precisam das “qualidades fortificantes” do vinho.
Os escritórios precisam que as pessoas fiquem acordadas, então os almoços geralmente não têm bebidas alcoólicas.
A maior minoria da França, os muçulmanos, não consome bebidas alcoólicas, e o vinho também precisa competir com a crescente popularidade das cervejas.
Saúde e carros
Denis Saverot aponta também outros responsáveis.
Um seria a "elite burguesa e tecnocrata com suas campanhas contra bebida e direção e contra o alcoolismo, colocando o vinho na mesma categoria de qualquer outro tipo de bebida alcoólica, ainda que (o vinho) devesse ser visto de uma forma totalmente diferente", disse.
"Recentemente, ouvi uma autoridade de saúde dizendo que o vinho causa câncer 'a partir da primeira taça'. Isto vindo de um francês."
Para Saverot, o lobby de saúde e do politicamente correto significa que as elites preferem manter o país à base de antidepressivos em vez de vinho.
"Apenas analise os números. Na década de 1960, bebíamos 160 litros de vinho cada um por ano e não tomávamos comprimidos. Hoje, consumimos 80 milhões de caixas de antidepressivos, e as vendas de vinho estão caindo."
"O vinho é o mais sutil, mais civilizado e nobre dos antidepressivos. Mas, olhe para nossos vilarejos, o bar foi fechado, substituído por uma farmácia", acrescentou.
Para Theodore Zeldin, escritor francês que mora na cidade de Oxford, no sul da Grã-Bretanha, e observador veterano da sociedade francesa, a cultura mais voltada para negócios substituiu "companheirismo por networking", entre outros problemas.
Mas ele ainda tem esperanças.
"A velha art de vivre francesa ainda está aqui. É um ideal. (...) Claro que os tempos mudaram, mas ainda sobrevive. É aquele sentimento que você tem na França de que, em relações humanas, precisamos de mais do que conduzir os negócios. Temos o dever de entreter, conversar (...) E o vinho é parte disto, pois, com o vinho, você precisa dispor de tempo", afirmou.
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