Vinho e uma arte ele tem que ser respeitado como se respeita a uma mulher tem que ser valorizado como se valoriza uma mulher tem que ser guardado no lugar certo como se guarda uma mulher tem que ser bebido como se beija uma mulher e se você fizer tudo isso e um pouco mais você vai perceber o enorme prazer de ter tido paciência e respeito por esse que e uma experiência única, pois vinhos são como as mulheres se bem tratados se mostram com enorme formosura e elegância.
sexta-feira, 26 de setembro de 2014
DEGUSTAÇÕES, DEGUSTANDO CASTAS INCOMUNS, OUTRAS CASTAS TINTAS, TINTO.....
ORZADA CARIGNAN 2006 – RESGATADO!
Rubi de reflexos violáceos. Denso e brilhante. Um gostoso alcaçuz nos dá as boas vindas no nariz, seguido por frutos negros e vermelhos (amora e cereja, mais intensamente), funghi, tostados e cedro. Encorpado. Acidez bem destacada que gera bom frescor. Taninos firmes. Um vinho “para se mastigar”. Passa redondo pelo palato e termina com amora temperada por uma intrigante nota de pimenta rosa. Fim de boca longo.
Novo!
Como é bom ser surpreendido por algo novo. A “moda” da Carignan no Chile não é nova. Na verdade, nos últimos tempos até perdeu intensidade na mídia, uma vez que a sua qualidade já se consolidou. Para mim, no entanto, é novo, uma vez que não a tinha provado ainda.
Moda?
Resgate é um termo que define melhor.
A Carignan chegou ao Chile junto com os primeiros imigrantes espanhóis, provavelmente lá pelo século XVI. Desde o início do século XX, considerando episódios locais (como um grande terremoto ocorrido no ano 1939) e as condições macroeconômicas nada fáceis, vividas na primeira metade deste século, o governo local incentivou o seu replantio. A ideia era que seu vigor a fizesse prosperar após o plantio e que aportasse maior estrutura e cor (relembre aqui as caraterísticas desta uva) aos vinhos locais, alavancando desta forma o consumo a partir de uma melhora de qualidade.
Com isto, o Vale del Maule, principalmente, construiu uma extensão significativa de vinhedos desta casta.
Mais tarde, meados dos anos 2000 – mais ou menos na virada do milênio; após consolidar os seus Cabernets e “reincluir” a Carménère no cenário vitivinícola mundial, alguns bodegueiros, ávidos por reencontrar um vinho de raiz, voltaram a destacar a Carignan em seus vinhos. Seja de forma varietal, ou em cortes em que ela fosse majoritária.
E o resultado empolgou!
Não apenas estes bodegueiros ficaram satisfeitos, mas o mercado consumidor também. Foi necessário compreender que não dava mais para rotular o vinho chileno de maneira simplista. Algo novo veio para deixar boas impressões mundo afora.
Um movimento que começou de maneira informal e descentralizado, tomou corpo e por volta do ano 2010, após muito trabalho, estes bodegueiros entusiastas da Carignan do Maule se reuniram formalmente, criando uma associação para a promoção destes vinhos e a mais longo prazo, a estruturação e implantação de uma Denominação de Origem específica. Nasceu, assim, a Vigno, que conta hoje com 15 vinícolas associadas, entre elas, a Odfjell que elabora o nosso vinho de hoje.
Depois da história da Carignan… A história desta nossa garrafa!
2010 é a safra corrente, disponível no importador (World Wine), mas esta garrafa do 2006 estava na adega, comprada há 3 anos, aguardando um bom momento. Quando a comprei, vivíamos um momento de intensa divulgação da Carignan e eu fui no embalo. Levei para casa e aguardei uma boa ocasião.
Mas passou tempo demais… Tempo demais para vivenciar esta experiência tão agradável.
Um vinho ainda cheio de fruta e vigor, com bons anos de crescimento pela frente, mas pronto e instigante. Gastronômico, alternou-se com o EME (aqui) na companhia do T-Bone do Bassi, e fechou a noite.
–> Neste ponto preciso dizer que, apesar de não ter provado, imagino que o 2010 pode estar ainda muito jovem e excessivamente vigoroso. Nada, porém, que a companhia de uma carne vermelha grelhada (costela, fraldinha, alcatra) não seja capaz de amenizar.
Odfjell – Valle del Maule – Chile
100% Carignan
Estagia por pelo menos 12 meses em uma mescla de barricas de carvalho de origens francesa e americana
14% vol álc
Harmonização: Carne vermelha grelhada, caça, cozidos de sabor intenso.
Guarda: 2006 já está pronto para o consumo, mas ainda ganhará com a guarda pelos próximos 3-5 anos. Tem estrutura para se manter, bem adegado, por até 10 anos mais.
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