Vinho e uma arte ele tem que ser respeitado como se respeita a uma mulher tem que ser valorizado como se valoriza uma mulher tem que ser guardado no lugar certo como se guarda uma mulher tem que ser bebido como se beija uma mulher e se você fizer tudo isso e um pouco mais você vai perceber o enorme prazer de ter tido paciência e respeito por esse que e uma experiência única, pois vinhos são como as mulheres se bem tratados se mostram com enorme formosura e elegância.
segunda-feira, 7 de março de 2016
O português pai de mais de 300 vinhos.....
Luis Duarte comanda a Rapariga da Quinta, sua vinícola própria, a Herdade dos Grous, de que é diretor-chefe, e faz consultoria para um punhado de casas. Tudo no Alentejo, região que ajudou a moldar e onde está há trinta anos
Luis Duarte não sabe direito quantos rótulos de vinho já criou. Algo entre 300 e 400, ele chuta, em seus mais de 30 anos de carreira. Sua onipresença em vinícolas portuguesas chegou a irritar o crítico responsável por vinhos lusitanos de uma importante publicação.
Em visita a Portugal para degustar a safra de seu primeiro ano no cargo, o tal crítico encontrou-se com Duarte pela manhã. Duas horas depois, em outra vinícola para o almoço. Na sequência, seguiram em carros separados para a terceira vinícola do dia e, por fim, jantaram juntos para a quarta degustação, de uma quarta casa. “Mas que diabos, está me perseguindo? Se soubesse que era você de novo nem teria vindo”, teria dito o crítico indignado, conta Duarte aos risos em São Paulo, antes de conduzir a degustação de algumas de suas criações em um restaurante em Pinheiros.
A anedota faz entender um pouco quem é este enólogo, um homem franco e direto. E que aos 50 anos não para. Exerce três diferentes papéis ao mesmo tempo: é empresário (produz seus próprios vinhos desde 2003, o Rapariga da Quinta); é consultor (criou rótulos para vinícolas como a Herdade da Malhadinha Nova e a Quinta do Mouro); e é funcionário (diretor-geral da Herdade dos Grous).
Sua história profissional está intimamente ligada à do Alentejo, que ajudou a transformar em importante celeiro vinícola. Nos anos 80, recém saído da primeira turma de enologia de Portugal, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, o hoje acumulador de títulos de melhor enólogo lusitano (eleito em 1997, 2007, e 2014) foi convidado a desbravar a região. Duarte havia ganhado uma bolsa de três meses em Champagne e a ideia era dar só uma olhadinha no local. Afinal, o que seria melhor para um jovem enólogo que um estágio na França?
Aparentemente, a resposta a essa pergunta seria uma terra quente sem grandes projetos de vinicultura até então. Dias depois da primeira visita, Duarte mudou-se para o Alentejo para, do alto de seus 18 anos, comandar o que seria uma das mais importantes vinícolas da região, a Herdade do Esporão.
Trabalhava todas as horas em que estava acordado, sem fins de semana, nos primeiros anos do Esporão. Em uma passagem inacreditável, conta que foi chamado para alistar-se no Exército uma semana antes de sua primeira vindima e, por não conseguir a dispensa do chefe, um tipo paternalista, caricato, ao mesmo tempo afetuoso e esquentado, nunca se apresentou ao exército. Por anos teve medo de ser preso como desertor.
Quando estava confortável no trabalho, uma reviravolta: o chefe paternalista vendeu sua parte e Duarte, então manda-chuva, passou a ter que responder a outro enólogo recém-contratado pela nova administração, o australiano David Baverstock. Duarte (franco e direto como já sabemos) não esconde que foi difícil engolir o novo chefe – hoje o australiano e o português são amigos íntimos. A nova realidade o fez mudar de casa após 18 anos, assumindo a adega da Herdade dos Grous.
Se não sabe direito quantos rótulos já criou, ele arrisca um número para quantas casas ergueu do zero: 15. “Estou fazendo agora uma para mim, será a décima sexta. Não conheço ninguém que tenha feito tantos projetos quanto eu. E quem permitiu isso foi a região. Se eu vivesse no Douro, onde está tudo pronto, não seria o caso. Foi um conjunto de sorte e de coincidência”, diz, de forma a confundir o interlocutor – seria modéstia ou orgulho?
Pouco depois, a dúvida aumenta: Duarte conta que é raro participar de concurso e não levar prêmios. “Tenho mais chances porque vou logo com dez, 15 rótulos. Não lembro de ir a concursos e voltar sem prêmios. Não digo isso com vaidade, mas faço muitos vinhos.”
Rapariga da Quinta foi criado para ser simples e com bom preço
Por insistência de seu primeiro importador no Brasil, que acabou virando amigo, Luis Duarte passou a investir em um projeto solo. Conhecido como um ótimo custo-benefício português, com preços de menos de R$ 50 para seu vinho de entrada, o Rapariga da Quinta nasceu em 2004 com o nome escolhido com a ajuda do brasileiro (seria Rapariga da Fonte, mas por erro de um colunista social virou “da Quinta”) e o objetivo de não ser um grande vinho.
Isso mesmo, ao criar sua própria marca, Duarte não quis se repetir. “Não estou nessa do grande vinho. Não é um sacrifício, mas de uns anos para cá resolvi que a minha linha seria mais adaptada ao futuro”, afirma.
O que ele quer dizer é que não tem a intenção de fazer vinhos que custem fortunas e que não cheguem ao grande público. “Não quero fazer ícones porque já faço isso em outros projetos. Se fizer a mesma coisa em minha linha, concorro diretamente com outros vinhos que criei”, afirma fortalecendo a alcunha de “enólogo racional”, pela qual ficou conhecido em Portugal.
Duarte em quatro rótulos
Rapariga da Quinta Select
Origem: Alentejo, Portugal
Preço: R$ 45, na Épice
É a opção mais barata para quem quer provar um vinho com a assinatura de Luiz Duarte, um corte de Aragonez, Trincadeira e Syrah. As vinhas são regadas gota-a-gota em regime controlado, a colheita é selecionada e a vinificação é feita em cubas de aço inox com temperatura controlada. De cor rubi e aromas de frutas vermelhas, é fresco e vai bem com carnes e massas – 13,5% de álcool.
Rubrica Branco 2013
Origem: Alentejo, Portugal
Preço: R$ 190, na Épice
Este corte de Verdelho, Antão Vaz e Viognier, com uvas colhidas manualmente, é fermentado parte em barrica de carvalho francês, parte em tanques de aço inox, onde ficam seis meses e passam por bâtonnage (técnica de misturar o vinho). Com aromas de frutas brancas frescas, tem corpo médio, ótima acidez e persistência. Vai bem com peixes e carnes brancas (13,5% de álcool).
Moon Harvested Herdade dos Grous
Origem: Alentejo, Portugal
Preço: R$ 287, na Épice
Se achou que este vinho foi batizado a partir da música de Neil Young, errou. Ele foi feito de acordo com os preceitos da Potential Maximum Harvest, que se guia pela evolução da lua para escolher o momento de colheita. Duarte escolheu a Alicante Bouschet, cepa difícil de domar, para testar a técnica e se diz mais que satisfeito com o resultado. Com 14% de álcool, é ideal com carne.
Tamari dos Mundos
Origem: Vale de Uco, Argentina
Preço: R$ 290, na Épice
Fruto da colaboração do português com uma bodega argentina. Aqui, Duarte não acompanhou a vindima, mas elaborou o corte no estilo do Velho Mundo a partir de uvas populares no Novo Mundo: a predominância de um Malbec rústico é equilibrado por parcelas menores de Tannat, Cabernet Franc, Petit Verdot e Cabernet Sauvignon, que lhe conferem elegância. Estagia 18 meses em barrica.
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