Vinho e uma arte ele tem que ser respeitado como se respeita a uma mulher tem que ser valorizado como se valoriza uma mulher tem que ser guardado no lugar certo como se guarda uma mulher tem que ser bebido como se beija uma mulher e se você fizer tudo isso e um pouco mais você vai perceber o enorme prazer de ter tido paciência e respeito por esse que e uma experiência única, pois vinhos são como as mulheres se bem tratados se mostram com enorme formosura e elegância.
segunda-feira, 2 de maio de 2016
O cientista que salvou o branco bordalês.....
Célebre por Bordeaux brancos que envelhecem bem, o francês Denis Dubourdieu, eleito homem do ano pela "Decanter", diz que um bom vinho se faz com a obsessão pelo terroir e pela extração do que há de melhor das cepas
Em 2016, o título de “homem do ano” da revista Decanter, maior honraria do mundo do vinho, veio com aroma e sabor de atraso. Como é que o enólogo, cientista e consultor Denis Dubourdieu, com mais de 35 anos de carreira e um trabalho consistente, só foi reconhecido agora pela publicação? Em entrevista ao Paladar, ele não parece incomodado com a demora. “É uma honra e uma bela consagração para a minha carreira”, disse sobre o prêmio.
O francês Denis Dubourdieu, eleito homem do ano pela revista "Decanter" Foto: Divulgação
Para quem o conhece, a reação faz sentido. Arthur Azevedo, presidente da ABS-SP, diz que a humildade e a elegância são dois de seus traços mais marcantes. “Toda conversa com ele é uma aula, mas não de uma forma chata, doutoral. Ele é de uma enorme simplicidade”, afirma Azevedo, cujo vinho de Dubourdieu favorito é o Sauternes L’Extravagant.
A característica é um grande mérito quando se lembra que graças a Dubourdieu o vinho branco bordalês “limpou” sua reputação manchada ao redor do mundo por um passado de muita doçura e pouca qualidade. Ávido pesquisador, é considerado um dos maiores especialistas em vinificação e no envelhecimento de brancos. É professor de enologia na Universidade de Bordeaux desde 1987, responsável por formar gerações de enólogos, publicou mais de 200 artigos científicos, e fundou o centro de pesquisa Institut des Sciences de la Vigne et du Vin em 2009.
Seus estudos têm se concentrado principalmente em leveduras e aromas. Pesquisa as causas da oxidação prematura, as notas vegetais e de pimentão verde típicas da submaturação, as moléculas responsáveis pelos aromas da Sauvignon Blanc, a estrutura molecular de vinhos com podridão nobre, e as melhores práticas para assegurar vinhos mais aromáticos na taça. Por essas e por outras, foi citado em mais de 7.000 artigos ao redor do mundo.
“Ele consegue imprimir um estilo de pureza aromática pelo método de vinificação por conhecer muito bem a arte de trabalhar as leveduras”, afirma a sommelière Eliana Araújo, da Wine Soul. Para Tiago Locatelli, do restaurante Varanda, é um dos maiores nomes da enologia moderna. “Seu Sauternes é um dos grandes.”
Além de prestar serviços como consultor para inúmeras vinícolas como Château d’Yquem, Cheval Blanc e Margaux (Pavillon Blanc), hoje administra as propriedades da família em Bordeaux (entre elas Château Reynon, Doisy-Däene e Clos Floridene) com o auxílio da mulher Florence, que como ele vem de uma longa linhagem de produtores de vinho, e dos dois filhos.
Fabrice, formado engenheiro enólogo, é diretor técnico dos vinhedos e fica responsável pelos mercados do Reino Unido e da Ásia. Jean-Jacques, economista, é responsável por parte da vinificação e pelas divulgação e promoção, o que o faz visitar os mercados mais relevantes para seus châteaux anualmente. Acabou virando um habitué do Brasil.
Ao Paladar Jean-Jacques disse em tom de crítica que o título da Decanter saiu com dez anos de atraso. E que, diferentemente da mãe, que deve se retirar da vida profissional no ano que vem, o pai não tem planos de se aposentar.
Ao ler as respostas de Dubourdieu, tenho um palpite sobre o motivo que não o deixa parar. Para ele, é a obsessão que leva o homem a fazer um grande vinho – a busca incessante por revelar o terroir e tirar o melhor das uvas. Provavelmente, dentro do professor, mesmo que o público já tenha se apaixonado por seus vinhos, a obsessão persiste. Abaixo, a entrevista com o enólogo.
Qual é seu maior sucesso como enólogo?
Certamente a criação do Clos Floridene, em 1982, é um dos mais belos sucessos enológicos. Nós partimos do nada e hoje Clos Floridene é notadamente uma marca mundial quando se fala em brancos.
Que vinho bebe no dia a dia?
Evidentemente eu bebo meus vinhos e todos aqueles aos quais eu dou consultoria. Mas eu tenho uma queda pelos grandes Borgonha brancos e pelos vinhos velhos licorosos.
Como é trabalhar com a família?
Trabalhamos todos juntos com nossos 36 colaboradores apaixonados. É um verdadeiro prazer ter na vinicultura uma estrutura familiar e visibilidade mundial.
Como vê a evolução do vinho desde o começo de sua carreira?
A enologia moderna trouxe enormes progressos e melhorou muito a qualidade média dos vinhos. A técnica não deve entretanto nos fazer esquecer o principal: o terroir e a singularidade do gosto. A técnica e a mão do homem não fazem nada sem o terroir e sua identidade. Muito frequentemente se planta em superfícies que não têm potencial. O resultados são vinhos banais.
Como avalia a produção francesa atual?
Globalmente, a produção francesa está hoje em seu melhor nível. Mas os aspectos de rendimento são uma verdadeira preocupação: como continuar competitivo no cenário internacional?
Como vê o biodinamismo?
É uma prática corajosa que não se adapta em todo local e em qualquer estrutura. Eu admiro todos os que perseveram nesta direção. Mas o objetivo deve ser sempre o sabor. Se a crença leva ao melhor gosto, ótimo. Se não, é o caso de rever suas crenças.
Qual o limite da inovação?
Ela é positiva ao servir à qualidade e ao proteger o meio ambiente. Agora, não podemos esquecer do bom senso. A qualidade do vinho não é ditada em função do dinheiro que nós gastamos para produzi-lo. O produtor deve ser obsessivo em revelar o terroir e as cepas de seus vinhos. A inovação deve ser apenas um meio para atingir seu objetivo e sua visão.
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