segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Aquecimento global e vinho ..

O aquecimento global é um fato, e uma grande maioria de cientistas confirma a causa sendo efeito estufa. Mesmo os que questionam a causa, não podem negar o fato das temperaturas estarem aumentando globalmente. Para o cultivo de vinho isso começa a ser preocupante especialmente em zonas que agora já tem clima quente. Regiões que antes foram frias demais para o cultivo de vinho começam a ser interessantes. Se você fosse falar de cultivo de vinho na Inglaterra 30 anos atrás, parecia completamente inviável, mas agora os espumantes ingleses ganham competições mesmo comparados aos grandes champagnes. Desde 1960 até 2006 as temperaturas no sul da Inglaterra aumentaram em média três graus Fahrenheit. ¹ Outros países na Europa que começam a ter vinicultura são Dinamarca, Suécia e Polônia, paises que antigamente foram considerados frio demais para considerar cultivar videiras.
De outro lado, para vinícolas no sul da França, sul da Alemanha, Itália, Espanha, Portugal, Califórnia e Austrália as temperaturas aumentando pode ser ameaçador para o futuro. Em algumas regiões, pelo menos até agora o clima mais quente resultou em safras melhores nos últimos tempos, como em Bordeaux, com safras cada vez mais ricas. Com o clima mais quente as uvas amadurecem mais cedo, em Bordeaux as colheitas que 25 anos atrás foram feitas no final de outubro, normalmente agora são feitas no inicio de setembro. Na Austrália, um estudo foi feito pelo órgão científico chamado CSIRO, pela equipe liderada por Leanne Webb. Estudaram dados detalhados de 1985 até 2009 em 10 vinhedos. Mesmo com diferentes práticas nos vinhedos, podas, controle de umidade no solo, que também pode ser relacionado uma maturação mais precoce, a influência dominante para a colheita antecipada foi o clima. Stanford University, na Califórnia, fez um estudo onde os pesquisadores usaram um modelo de clima usando dados locais, regionais e globais, e que levavam em consideração vento e influência do mar para 4 regiões importantes de viticultura, Napa Valley, Santa Bárbara County na Califórnia, Yamhill County no vale de Willamette em Oregon e Walla Walla no vale de Columbia em Washington. Os dados foram testados comparando dados históricos em 40 anos entre 1960 e 2010 para ver a consistência. O modelo demonstrou consideráveis aumentos na temperatura, que chegam em um nível tão alto em 2040, que pode reduzir para a metade áreas ideais para cultivo de Cabernet Sauvignon, Pinot Noir e Chardonnay em Napa Valley. De outro lado ao norte para Oregon o modelo demonstrou um aumento de áreas adequadas.² Não é improvável que os sistemas de apelações vão precisar ser revisados no futuro. Com o aumento das temperaturas, as velhas regras de qual uva é mais adequada em um lugar especifico está mudando. Um exemplo de novos tempos é Château Brane-Cantenac, em Margaux, Bordeaux, que agora começa a usar Carmenere, que é uma uva permitida, mas raramente cultivada porque anteriormente não amadurecia bem nessa região. Agora com o clima mais quente começaram a plantar a variedade novamente. O preocupante é que todos os estudos demonstram que se for uma região que hoje tem ideais condições para cultivo, o futuro mais quente vai piorar a qualidade. Tentar ajustar para mudanças climáticas a médio-longo prazo não é nada simples, especialmente para vinícolas familiares com as terras passando em gerações. Muitas vezes é simplesmente impossível fazer novas plantações em regiões mais frias. Algumas maiores vinícolas com recursos tentam fazer novos vinhedos em regiões que podem ser mais frias e seguras no futuro. Para um resultado bom, as videiras precisam também tempo com as raízes indo mais profundas, e por isso uma visão e planos para um futuro distante se tornam importantes. Na Austrália, a vinícola Brown Brothers, por exemplo, está focando o cultivo em varietais que precisam de um clima mais frio na Tasmânia. Fontes: ¹ John McQuaid, 'What Rising Temperatures May Mean for World's Wine Industry' ² 3rd World Conference on Climate Change & Wine

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