domingo, 27 de janeiro de 2013

MAPA DO VINHO ESPANHA PRIORAT UMA DAS JOIAS DA COROA..

Este é o Mosteiro Cartuxo Scala Dei um ponto nevrálgico e importante no capítulo dos vinhos do Priorat. Os Monges da Ordem dos Cartuxos, de extremo isolamento e clausura, foram, com os da Ordem Cisterciense, as primeiras Ordens reconhecidas pelo Papa. Sempre se instalavam em locais de muita dificuldade de acesso para facilitar atingir o objetivo desta Ordem que era a clausura e a vida de eremita. Assim com os Cistercienses, Ordem religiosa de Dom Perignón, por exemplo, eram exímios enólogos e onde estavam desenvolviam a arte da vinha com maestria. Por exemplo, Cartuxa é o nome de um famoso vinho do Alentejo, e não é por nada. Pois, bem,os Cartuxos franceses instalaram-se perto de Barcelona, algo em torno de 100 e poucos quilômetros montanhas acima. Região até hoje de difícil acesso, imaginem por volta dos anos de 1.110 quando lá chegaram. Desde logo iniciaram o plantio das primeiras videiras. Dano vida ao que é hoje uma das joias da coroa. Priorat, junto com Rioja alcançam a qualificação máxima de origens qualificadas, na Espanha. Terreno extremamente montanhoso, solos de origem vulcânica, e pedra, muita pedra e pouco material orgânico na superfície. Videiras plantadas no sistema de socalcos, assim como no Douro, vejam a foto.
Cuidados com as videiras totalmente manual, impossível a mecanização. Clima de extremos, grande amplitude de temperatura, videiras esculpidas na pedra e voltadas para o sol, tendo como uvas mestras a Garnacha e a Cariñena, nas tintas e a Macabeo nas brancas, como coadjuvantes a Syrah e a Cabernet Sauvignon. Raízes que descem fácil 8 metros para buscar alimento e água, sofrem mas produzem um vinho de exceção. Lembrem-se, vinho bom é de videira que sofre. Não esquecendo que a altura dos vinhedos varia de 350 metros até 600 metros e pouquíssima chuva. Assim invernos rigorosos, verões ensolarados com grande amplitude térmica nos trazem vinhos tintos encorpados, densos, profundos em cor, aroma e paladar e brancos com grande elegância e personalidade, assim são os vinhos do Priorat.
Nas uvas tintas a Garnacha e a Cariñena tomam conta da cena. Rainhas absolutas do Mediterrâneo encontram por aqui clima e solo ideais. A Garnacha, já falamos em posts anteriores, adora clima quentes e ensolarados no final de sua maturação, produzem tintos encorpados, forte cor e aromas marcantes de ameixa madura. Já a Cariñena ou Carignan para os gauleses, tem como berço a região de Aragão, na Espanha. Levada para o sul espalhou-se pelo Mediterrâneo e é a uva mestra das ilhas da Córsega e Sardenha, bem como da região litorânea do Mediterrãneo. Entra no corte dos principais vinhos do Languedoc (França), Priorat faz dupla com a Tempranillo em Rioja e nos roses do sul da França e Espanha. Aqui no Priorat ganha ares de rainha e é essencial aos bons vinhos da região. Já a branca Macabeo é a nossa conhecida Viura do norte da Espanha e faz parte do corte das famosas Cavas espanholas. Em carreia solo alcança plenitude no solo pedregoso, árido e de difícil acesso do Priorat. Sempre que aprecio estes vinhos me vem na lembrança a música quente, densa, única e penetrante de Astor Piazzolla. E como estamos falando da dupla Cariñena Garnacha aqui vai outra dupla. Piazzolla e Yo Yo Ma.

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