segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Gotas de Deus .

'Kami no Shizuku' (gotas de deus) é uma popular série de revista em quadrinhos japonês (chamado ‘manga’) que foi adaptado para uma novela na televisão no Japão. A história conta que dois irmãos ficam sabendo no testamento que um deles seria herdeiro do pai depois de corretamente degustar e identificar 12 vinhos as cegas, chamados os doze apóstolos, e finalmente descobrir o décimo terceiro vinho chamado ‘as gotas de deus’. A série virou um sucesso no Japão, com uma audiência enorme assistindo as deliberações e degustações dos prestigiosos vinhos como Latour, Lafite-Rotschild, Cos d’Estournel, Chateau d’Yquem, Romanée Conti etc. Côtes de Francs é uma apelação humilde, comparada a famosa apelação St-Emilion, apenas 10 km de distância. Côtes de Francs está em uma região alta, bem ensolarada, pouca chuva e ideal para merlot, cabernet franc e cabernet sauvignon. Cabernet franc, que chega na maturidade fisiológica mais cedo comparado a cabernet sauvignon, têm bastante cultivo. Nessa apelação existe uma excelente vinícola, não até então famosa, chamada Château Le Puy, de 25 hectares, uma propriedade de Jean-Pierre Amoreau e do filho Pascal Amoreau . Numa manhã em março de 2009, eles se surpreenderam em receber um monte de faxes com pedidos do Japão. Não tinham ideia que 7 milhões de japoneses assistiram ao drámatico final onde o décimo terceiro vinho, 'As Gotas de Deus', foi revelado ser Château le Puy 2003. Eles perguntaram ao distribuidor no Japão o que estava acontecendo, e assim foram informados dos fatos. Acharam uma situação até bizarra, mas claro,também ficaram orgulhosos. Continuaram com os pés no chão, e quando propuseram pagar 500-1000 euros por uma garrafa de Château le Puy 2003 nos mercados asiáticos, acharam melhor suspender todas as vendas para terminar com a especulação. Pensaram que seria melhor cuidar de todos os clientes fiéis que os acompanharam nos últimos 50 anos. Mantiveram o preço normal, em torno de 19,90 euros e cuidaram de reservar quantias para os clientes antigos e para os mercados tradicionais em vez de vender a safra inteira pelos preços astronômicos na Ásia. Da mesma maneira simples e simpática que receberam o prestígio de ser as Gotas de Deus, eles continuam com um conceito natural na viticultura e vinificação. Os vinhos são feitos de um jeito tradicional, ao contrário da nova tendência em Bordeaux de vinificação redutiva. Eles não gostam dessa novidade, achando um estilo vinculado para agradar compradores no exterior. O avô de Pascal cultivava orgânico no inicio do século muito antes que foi usado em marketing. Mudaram já em 1990 para cultivo biodinâmico, e em vez de modernas maneiras de vinificação acreditam em uma expressão dos vinhedos puros, com leveduras indígenas. Diminuíram o uso de dióxido de enxofre e algumas cuvées são feitas sem nada de sulfitos adicionados.

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